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Quanto tempo foi necessário para compreender que a vida é doação? Quanto tempo demorou para entender que não se vive para um “eu”, mas para “nós”. Quanto tempo se passou desde então?
Eu tinha medo. Medo de sair de dentro de mim. Medo de me perder. Eu tinha medo de parecer-me com aquele mendigo. Tinha medo de parecer-me com aquele velho doente. Eu tive medo de parecer-me com aquela velha dos gatos.
Foi quando um dia fui ter com aquele mendigo e olhei profundamente em seus olhos e o vi ali, presente em seu olhar. Nos olhamos e nos reconhecemos. Olhando-nos, vimos o quanto somos iguais. Foi quando fui até o velho e me doei a ele. Cuidando dele, eu cuidava de mim mesmo. Eu também sou aquele velho doente. Foi quando fui até àquela velha dos gatos. E vi o quanto de vida havia nela, e nos seus gatos. Eu também sou aquela velha dos gatos. Foi quando finalmente compreendi que vida é doação. E essa é a minha verdade mais profunda.
Eu me doei àquilo que achava que não era eu. Eu me perdi para assim me reencontrar. Me doei para aquilo que pensava que era estranho a mim mesmo. Então compreendi quantas formas a vida pode tomar. Assim compreendi, o quanto de vida há em nós.
Eu me doo para tudo. Tudo o que olho, tudo o que penso e tudo o que toco. Assim, vivo em tudo e tudo vive em mim. Divido-me sempre, sem jamais me subtrair. Pois que a vida se dá na mais pura doação.
Mais ganha aquele que doa do que aquele que recebe, como disse o sábio, e que é doando a vida que se a possui por completo.
Nascidos sob a clara luz, temos sempre o mesmo trabalho: a elevação da consciência. Eu nunca parei de trabalhar. E quem não aceita o trabalho que lhes fora designado, vive em vão.
Acordamos todas as manhãs, e o primeiro suspirar: eis aí diante de nós, o trabalho. Acordar, amar, trabalhar para a comunidade e manter a paz e o bem para todos os que de nós se aproximarem. Amar, cuidar e trabalhar.
Todo dia deve ser trabalhado. Toda noite deve ser trabalhada. Toda morte deve ser trabalhada. Os que trabalham para a Luz e para o Bem, nunca param.
E só usando o pensamento não se alcança tal compreensão. Então vá para aquilo que ocorre antes do pensamento. Pergunte para sua alma qual é o seu trabalho, e ela te responderá.
Que essa sabedoria chegue para você no tempo certo. Enquanto isso, acorda, ama, trabalha para a comunidade e mantém a paz e o bem para todos os que de nós se aproximarem. Amar, cuidar e trabalhar.
Naquela tarde, naquele vale
Estávamos eu e você
Sentados à beira do rio, vendo ao pôr do sol.
Estávamos eu e você ali, e o tempo não havia.
Havia a vida em essência, havia a vida sendo a si mesma, havia a vida sendo nós.
Eu e você sentados ali, em silêncio, vendo ao pôr do sol.
Éramos viajantes, missionários, andarilhos e peregrinos
E nada podia ser diferente
Porque a vida é como é
E nada nos falta.
Estávamos eu e você
Sentados à beira do rio
Vendo ao pôr do sol.
Vem aqui
Respire um pouco
E descanse.
Sinta a paz dentro de você
Já, já você segue
Mas descanse um pouco agora
Deixe-me te lembrar:
Nós somos a luz
Acalma o teu coração
E descansa sua alma aqui.
O quanto já sofremos em ilusão e desespero?
Mas agora perdoe a si mesmo
E lembre-se que o amor nunca nos faltou
A vida nos ama
E nos convida a participar um pouco mais
A vida nos convida a participar
Dos mistérios da criação
Um momento de paz é tudo o que mais precisa
Fica aqui, só mais um instante
E lembra sempre da nossa verdadeira origem.
Você está no caminho certo
Falta pouco para chegar.
Agora, levanta e segue
Agora vá. Pode ir.
Vá além
Além de si mesmo
Além dos seus mestres
O Nascimento do Sol. Parte 1
Era de manhã, o sol estava nascendo e eu estava sentado na areia da praia de frente para o mar. Eu estava olhando para as nuvens passando quando um pensamento me ocorreu: “As nuvens são sempre novas” pensei. “Em nenhum instante sequer elas se repetem ou se parecem com alguma outra nuvem que já existiu em qualquer canto desse mundo”. Elas não se pareciam com nenhum animal nem com coisa alguma. Eram simplesmente nuvens passando. Talvez nesse mundo, tudo seja como essas nuvens. E meditando sobre as nuvens passando, eu também me tornava nuvens passando.
Eu estava sentado na areia, olhando para as ondas do mar e semelhante pensamento me ocorria: “As ondas do mar são sempre novas” pensei. “Em momento algum nas praias desse mundo alguma onda jamais se pareceu com alguma outra; cada uma possui um ritmo, um som e um movimento próprio”. Elas estavam tão ritmadas que eu percebia uma sonoridade, parecia que havia uma música sussurrando algo vindo do coração da natureza. Eram novas águas que se mostravam, trazendo a lembrança de outros tempos, a lembrança de outros mundos. Meditando sobre as ondas do mar, eu me tornava como ondas do mar. E assim uma infinidade de tempo se passava e se realizava uma profunda conexão entre eu e a natureza, entre ser e mundo.
Naquela manhã, algo ancestral estava me atingindo. “Por acaso alguém pode impedir que a qualquer instante a natureza lhe mostre a sua sabedoria mais profunda?”, me perguntei. “Por acaso alguém pode decidir por si só quando fará a travessia? E será que realmente existe uma travessia?” e me respondi. “Não sei”. E realmente não sei, mas que naquela manhã, algo ancestral estava me atingindo. E eu simplesmente me deixava levar por aquele delírio calmo e muito tranquilo. Poderia me recusar? Não sei. Mas me lembro que, certa vez, eu disse sim à vida, e esse sim ainda ressoa por toda vastidão da eternidade. Talvez eu me tornara, o sim da vida.
E um êxtase foi tomado de alegria. Eu poderia explodir naquela manhã que cada partícula de mim criaria milhares de mundos com milhares de seres. Eu estava sendo levado por uma verdade ancestral que, por bem, me antecedia. Havia algo ali que dizia: “O mundo é sempre novo! Esse mundo não é velho, mas novo! Tudo é sempre novo! Tudo se renova no mesmo instante que se vê”.
Abra os olhos, meu amor
E desperte
Não se assuste, e lembra sempre
Quem somos nós.
Não esqueça da nossa missão
E não perca a noção da viagem
Essa é a sabedoria.
Supere sua humanidade
Humanidade não nos define
Nós somos feitos de tal mistério
Que nenhuma filosofia há de descobrir.
Desperte
E incorpore sua verdadeira essência
Seja um com a luz
Seja um conosco.
Não sofra com a nossa partida
Nós estamos sempre partindo
Mas desde o início, posso te encontrar em tudo
Posso te encontrar, na aparência comum de Deus
De onde viemos, nascimento e morte têm a mesma origem
Somos não-nascidos
Por isso, nunca morremos.
Desperte.
Morte é libertação. É a sorte do sábio e o medo dos tolos. Não a tema. Pois ninguém morreu antes do tempo certo de se morrer. E também ninguém nasceu antes do tempo certo de se nascer. É com alegria que se chega a este mundo e também é com alegria que se parte.
Não se preocupe nem pelos vivos, nem pelos mortos. Se você compreender que você também é Deus, você morrerá feliz, você morrerá em paz, você morrerá quantas vezes for necessário.
Se você ama alguém, ajude-o a morrer. Se você o ama, liberte-o. Dessa forma você também será liberto.
Liberte-se do medo, do sofrimento e da ignorância. E tome para o bem todas as coisas que lhe ocorrem, mesmo sua própria morte. E ame a sua morte como àquele que ama seu próprio destino.
Todos os que nessa Terra foram chamados de grandes, morreram também e superaram suas mortes. Supere sua própria morte e assim alcançarás a Consciência Suprema.
Morra eternamente. Viva eternamente. Nós estamos sempre nascendo e morrendo. Morra quantas vezes for necessário, mas liberte o seu espírito. Não se esqueça que morremos e nascemos a cada manhã. E que cada instante, um novo despertar acontece.